Somos cansados e baixos Sentados vertemos o que vem dos cachos Temos memória que é curta E somos famosos por ter muito encaixe Nem filhos de suevos e visigodos Somos primos de pretos, de zucas e lordes Não somos daqui nem de terra de brancos Criámos a cor de velhos em bandos Temos horror do nosso Narciso Ficámos sem nós quando era preciso Sujos e tristes como o preto do mar Humildes e curtos sem ter que pensar Uma matilha de nadas e cosmopolitas Damos o chão a quem necessita Navegávamos dantes por mares longínquos Hoje nós temos a memória no abrigo Portugalidade. Alguém que decida o que é isso. Qual a sua semântica. Até quando o bigode. Alguém que seja taxativo e decida o que é isso. Laia encaixa dois tipos de portugalidade. A aparente e a fictícia. Entre a conquista e o medo. O destino e o desenrascanço. No fundo, a bipolarizada pátria. O país dos heterónimos. Laia é isso tudo sem ser o que quer que seja. Instrumentos alterados. Gravados para um computador em freguesias cosmopolitas e numa ilha lusófona. Guitarras eléctricas, mornas, adufes, coros de vozes. Um cabo-verdiano devorador de bossa-nova (Milton Castro). Um marialva punk com patilhas até ao peito (Hélder Almada). Juntos arredondam o rock e procuram os cantos de uma canção. Se Carlos Paredes não é pós-rock, então o que andamos aqui a fazer? Alguém que decida o que é isso… Álbum de estreia: «viva jesus e mais alguém» www.myspace.com/laiamusica Read more on Last.fm. User-contributed text is available under the Creative Commons By-SA License; additional terms may apply.